“A EPIDEMIA OCULTA”
IMPACTO E REPERCUSSÃO DA SAÚDE MENTAL NA COVID-19 E
SEUS DESDOBRAMENTOS PSICOSSOCIAIS
Rosângela dá Crüz
Terapeuta Holísticas
Ac de Farmácia
Embora a atual situação mundial, marcada por importantes crises na saúde pública e, mais recentemente
a pandemia causada pela COVID-19, os sintomas respiratórios sejam a face mais conhecida da Covid-19,
estresse pós-traumático, depressão e ansiedade já foram descritos em pacientes com a doença.
Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Federal Fluminense (UFF)
discutem como o novo coronavírus pode afetar a saúde mental, apontando alterações neurais, imunes e
endócrinas relacionadas à infecção e ao distanciamento social, o que pode contribuir para distúrbios
psicológicos, os cientistas sugerem linhas de pesquisa para esclarecer os mecanismos da doença e
medidas que podem ajudar a mitigar seu impacto na saúde mental, os pesquisadores chamam atenção
para o potencial impacto psiquiátrico das infecções por coronavírus, muitas pesquisas identificaram
acometimento mental de pacientes infectados e algumas apontaram ainda danos de longo prazo, com
sobreviventes apresentando perda de memória, alterações do sono e maiores níveis de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade, meses ou anos após a recuperação do quadro viral, considerando
ainda o risco para a saúde mental associado ao distanciamento social. É urgente realizar esforços para
compreender a fisiopatologia da Covid-19, e o risco de comprometimento da saúde mental, assim como
os efeitos da pandemia em indivíduos saudáveis impactados pela situação de distanciamento social, se
nada for feito provavelmente enfrentaremos num futuro próximo uma nova “Pandemia Oculta”
relacionada à saúde mental” afirma o imunologista Wilson Savino, pesquisador do Laboratório de
Pesquisa sobre o Timo do IOC e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em
Neuroimunomodulação (INCT-NIM) e da Rede Faperj de Pesquisa em Neuroinflamação, sediados no IOC.
A partir de dados observados em pacientes e pesquisas em animais considerados como modelos
experimentais, os cientistas argumentam que diferentes mecanismos podem contribuir para o
desenvolvimento de transtornos mentais na pandemia de Covid-19, em primeiro lugar, há evidências de
que o novo coronavírus seja capaz de infectar as células do sistema nervoso central, em segundo, a
reação imunológica à infecção pelo vírus, marcada pela produção de grande quantidade de substâncias
inflamatórias, pode ser um elo entre o patógeno e as manifestações psiquiátricas. diversas evidências
indicam que essas substâncias alteram a plasticidade neuronal (capacidade de formar novas conexões
entre neurônios) e reduzem a produção de neurotransmissores (moléculas que enviam sinais químicos
entre as células neuronais, funcionando como mensageiros). Além disso, o processo inflamatório intenso
pode afetar a produção do hormônio cortisol, cujo desequilíbrio está associado a transtornos
psiquiátricos, o estresse motivado pelo distanciamento social também pode levar a alterações
imunológicas, com maior produção de substâncias inflamatórias mesmo em pessoas que não foram
infectadas, neste contexto, os pesquisadores chamam atenção para a maior vulnerabilidade de alguns
grupos, como trabalhadores da saúde, idosos e obesos, que apresentam maior suscetibilidade tanto para
quadros graves de Covid-19, quanto para distúrbios psiquiátricos, também apontam medidas que podem
amenizar os prejuízos para a saúde mental, como por exemplo, levantamentos realizados durantes os
surtos de SARS e MERS, assim como no começo da epidemia de Covid-19 na China, indicam o potencial da
informação adequada para reduzir o dano psicológico durante quarentenas, estreitamento de laços por
redes sociais, hábitos de sono e alimentação saudáveis também são citados pelos cientistas, que
apontam ainda o potencial da música para modular os níveis de citocinas inflamatórias e a resposta
neuro-imune-endócrina ao estresse. É importante notar que as evidências destacadas aqui não
contradizem a necessidade de medidas de distanciamento necessárias para controlar a pandemia. No
entanto, elas chamam atenção sobre a utilidade de estratégias que visem reduzir os efeitos nocivos do distanciamento social na saúde mental das pessoas em geral, incluindo a melhoria da intervenção
psicológica e a redução das desigualdades sócio-econômicas.
Com desdobramentos múltiplos, a situação de pandemia traz consigo o alerta geral sobre os micro e
macro setores, sejam eles econômicos ou psicossociais e os diversos Impactos vem sendo gerados a partir
desse estado de tensão e estresse ao qual toda população mundial está exposta no entanto, assim como
traços de personalidade têm sua expressão variável, a pandemia gera impactos em diferentes
intensidades. A grande população, que não detém acesso livre e direto aos serviços básicos, e que agora
se vê em meio a uma crise econômica desencadeada pelo fechamento dos estabelecimentos de serviços
não essenciais, passa então a nutrir e desenvolver desordens psicossociais, como a ansiedade e a
depressão, um levantamento realizado com 4.693 brasileiros feito pelo grupo Abril, em maio de 2020,
evidenciou que 59% dos entrevistados definem “insegurança” como a palavra que mais retrata seu
sentimento em relação a pandemia e seus desdobramentos, e ainda que 47% do mesmo grupo
demonstra ter aumento da ansiedade e dificuldades para dormir. Vulneráveis por diferentes aspectos, a
população economicamente afetada e os pacientes psiquiátricos, ou em potencial que até então
representavam grupos que comungavam de pequenos pontos de tangência, agora tornam-se cada vez
mais próximos. Esse impacto negativo à saúde mental dos grupos vulneráveis, e de detentores de um
baixo estado de bem-estar social, de problemas relativos à infraestrutura básica, má distribuição de
renda e do acesso a diferentes serviços, é visto em países subdesenvolvidos que se caracterizam por
tratar os assuntos que dizem respeito à psique com menor responsabilidade. Na medida que a pandemia
se estende, a população vulnerável é mais exposta a seus efeitos negativos seja relativo ao
desenvolvimento de transtornos compulsivos, de ansiedade ou depressão – que podem levar ao suicídio
torna-se alarmante a situação de diversos grupos. O conhecimento acerca da relação entre o estresse
fruto da pandemia e transtornos psicológicos, sociais e comportamentais se faz necessário.
A influência negativa do estado de pandemia e seus desdobramentos, em especial o distanciamento social passa então a ser meio e mecanismo para o desenvolvimento e intensificação de distúrbios
psicossociais como a ansiedade e a depressão, neste âmbito, a maior ferramenta que temos hoje para
impedir a disseminação do SARS-COV-2, paralelamente está impactando negativamente na saúde mental
de toda a população mundial, a partir deste entendimento, fazem-se necessárias produções científicas
com enfoque nos efeitos negativos do isolamento sobre a saúde mental da população, em especial dos
pacientes psiquiátricos, já portadores de transtornos mentais ou psicossociais. Para que, dessa forma,
seja possível prever e preparar a comunidade médica para o cenário pós pandêmicos e seus efeitos,
sejam de curto, médio ou longo prazo.
Referências:
Portal.Fiocruz.br
Ministério da Saúde. https://coronavirus.saude.gov.br/
Portal PEBMED, White Book. Pandemia por Covid-19 https://pebmed.com.br
Referencias
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awebic.com.br